Prioridades do PT

Por Jorge Ferraz – "Deus lo Vult!"

É DA SEMANA PASSADA a notícia segundo a qual o Congresso este ano eleito é «o mais conservador desde 1964», e eu a havia recebido com uma certa indiferença. Deixara para escrever sobre o assunto depois, talvez algumas linhas ligeiras, talvez apenas algum comentário rápido: mais do que a acurácia da análise do Diap (pela qual eu aliás não ponho a mão no fogo; e não cheguei a fazer, por conta própria, o levantamento dos perfis dos deputados que assumirão um mandato parlamentar em janeiro do ano que vem), agradou-me a polvorosa em que estavam todos os sedizentes arautos de um admirável mundo novo. Isso, por si só, já era muito significativo e já nos dava motivos para comemorar: o que dizer sobre esse Congresso que eu mal conheço e já considero pacas?

Não sei o que dizer sobre o Congresso, mas há uma ou duas coisas a serem ditas, sim, a respeito desta análise que o Partido dos Trabalhadores faz sobre o assunto (qualificando como "jurassic park ideológico" o novo congresso). Citando «o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz», o site do PT traz aos seus leitores a seguinte informação:

"Segundo Queiroz, o novo quadro dificultará o debate sobre pautas como a união homoafetiva, a legalização do aborto e a descriminalização da maconha para fins medicinais e de consumo recreativo. Para ele, a esperança de debates futuros sobre esses temas reside na reeleição da presidenta Dilma Rousseff, no pleito do próximo dia 26, contra o adversário Aécio Neves (PSDB). “Se a Dilma for eleita, essas pautas terão mais condições de resistir, porque Aécio não tem uma postura clara em relação a elas”, avalia."
Em resumo, o que este parágrafo diz é:
  1. que o “debate” a respeito de «pautas como a união homoafetiva, a legalização do aborto e a descriminalização da maconha» fica prejudicado com a nova configuração do Congresso; e
  2. que a “esperança” desses temas continuarem “resistindo” «reside na reeleição da presidenta Dilma Rousseff».
O que significa, em suma, que a principal preocupação do PT é com o “casamento” gay, com o aborto público, gratuito e de qualidade e com a liberação das drogas. O Partido da atual Presidente da República tem algumas prioridades, em atenção às quais é de fundamental importância que lésbicas possam se casar, fumar maconha e abortar. De todos os problemas que o Brasil atual apresenta, os mais importantes, no entender do Partido dos Trabalhadores, dizem respeito aos gays não poderem se casar, as mulheres não poderem matar seus próprios filhos no ventre e a população em geral não poder usar drogas.

Votar num partido é, sim, votar em um projeto de país. E a concepção que o PT tem de um “país bom” para se viver é exatamente esta: um lugar onde não haja diferença entre a família e uma dupla formada por pessoas do mesmo sexo, onde as mulheres sejam livres para assassinar os seus filhos no ventre sem que ninguém lhes importune por isso, onde qualquer cidadão possa se drogar à vontade sem que ninguém interfira na sua lombra sagrada e inviolável (mas fumar cigarro comum, nem pensar!). Um lugar, em suma, onde o Estado garanta o aborto, a maconha e o casamento gay. E é exatamente por isso que quem não é a favor dessas coisas não pode votar no PT.

Independente das divergências que se possa legitimamente ter com respeito a quaisquer partidos políticos, essa matéria – divulgada, repita-se, na página principal do portal do PT – a respeito do “Jurassic Park ideológico” do Congresso fornece um corte para além do qual os católicos não podem ir. Se for possível dividir o mundo entre os que acham que o aborto é uma coisa ruim e os que defendem que se trate de um direito a assegurar às mulheres, de um lado está a Doutrina Católica e, do outro, a ideologia petista. Se for possível traçar uma linha separando por um lado os que querem garantir o «consumo recreativo» da maconha e, por outro, os que acham que as drogas devem ser combatidas pelas autoridades públicas, então de um lado estão os eleitores do PT e, do outro, os que ouvem o Papa Francisco. Ninguém pode servir a dois senhores: ou se há de aquiescer à agenda (i)moral petista, ou se há de seguir a Doutrina Moral da Igreja de Cristo. As duas coisas ao mesmo tempo não dá.

Sim, é um absurdo o descaso com o qual os usuários de drogas são tratados nesta Pátria, e é profundamente lamentável que mulheres percam a vida realizando abortos clandestinos em açougueiros que, se a lei servisse de alguma coisa neste país, deveriam estar atrás das grades. No entanto, a simples legalização tão propalada por alguns, longe de resolver, significa institucionalizar o problema. Significa dizer que está tudo bem com um drogado, desde que o seu vício renda impostos para os gordos cofres da Administração Pública, e que está tudo certo com as mulheres matarem os seus filhos, desde que o morticínio seja realizado em assépticas salas cirúrgicas financiadas pelo Erário. E nós achamos que, não, não está tudo bem com isso.

De acordo com o Partido dos Trabalhadores, o ideal de dignidade feminina que se deve almejar e a favor do qual é preciso lutar sem tréguas concretiza-se na figura de duas lésbicas casadas realizando, maconhadas, um aborto pelo SUS. Ora, isso é profundamente patético e degradante, e a população brasileira já deixou suficientemente claro – também com a eleição do Congresso «mais conservador desde 1964» – que não considera semelhante despautério como um valor a ser perseguido. No entanto, na contramão do interesse dos brasileiros, o PT continua propagando essa sua ideologia, e continua insistindo na «união homoafetiva», na «legalização do aborto» e na «descriminalização da maconha», e apontando a reeleição da Dilma como a última esperança de esses temas resistirem ainda! O impasse é absolutamente incontornável. E é por isso que quem acha que o Brasil merece valores diferentes destes não pode, no próximo dia 26, votar na Sra. Dilma Rousseff.

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Fonte:

"Deus lo Vult!", disponível em:
http://www.deuslovult.org/2014/10/13/as-prioridades-do-pt-uniao-homoafetiva-legalizacao-do-aborto-e-descriminalizacao-da-maconha/

Padre Marcelo Rossi fala sobre depressão, política e anorexia em entrevista




Com uma abertura impressionante, o padre Marcelo Rossi fala sobre os distúrbios alimentares e psicológicos pelos quais passou nos últimos anos. Para os que se espantaram com a magreza exibida no último domingo, no programa 'Fantástico' (Globo), questionada por internautas, ele alivia: “minha saúde está ótima”.


Os quilos a menos são assegurados por uma dieta balanceada - nada de água, alface e hambúrguer, como no ápice da anorexia - e cerca de dez quilômetros diários percorridos na esteira. O hábito é anterior à batina: o pároco do Santuário Mãe de Deus, em São Paulo, é formado em educação física. Mas também pelo jejum ao qual se submeteu durante a composição das 14 canções do novo disco, 'O tempo de Deus' (Sony, R$ 10).

O projeto é o primeiro influenciado pela depressão e anorexia. “O CD vai ajudar muito as pessoas tristes. Muita gente pensa que depressão é frescura. Não cheguei a uma depressão forte, mas foi um princípio. Até então eu não sabia o que era isso. Eu estava sem remédio ou psicólogo. Foi através da oração e conscientização”, confessa.

No próximo ano, ele deve percorrer cidades brasileiras para divulgar o livro 'Philia', já entregue à Editora Globo. “É contra 14 males, como depressão, ansiedade, autoestima baixa. Eu vou poder ajudar muito às pessoas”, acredita o religioso. Para ele, compartilhar as próprias experiências é uma forma de chamar a atenção das pessoas para o problema.

'O tempo de Deus' tem 14 faixas escritas por Rossi, que abdicou dos direitos autorais para reduzir o valor de venda, R$ 10. conta. A renda será revertida para a capela dele.

Entrevista // Padre Marcelo Rossi

O senhor foi um dos primeiros a despontar como padre cantor e este segmento se mantém muito forte. Por quê?
Se pensar bem, na mídia do mundo, eu fui o primeiro, em 1998. Tive o contato com o papa João Paulo II em 1997 e ele que nos incentivou a ir aos veículos. Terminei com o filme, 'Maria: Mãe do filho de Deus'. O cardeal Ratzinger não só reconheceu meu trabalho mas me presenteou com a honraria Van Thuân (em 2010). Agora, eu sentei com a Sony e disse “quero um CD de R$ 10”. A inflação está mascarada, mas incrível, eu queria um produto barato. “Eu serei o autor de todas as músicas”. Eu sempre pegava uma música minha, mas também de outros, para divulgar. Minha preocupação era ter algo de qualidade, espiritualidade e saiu essa bênção. Está lindo. Ele vai envolvendo você. Eu renunciei à parte autoral. Só recebo como intérprete. E mesmo assim, todo o dinheiro vai para a capelinha do santuário.

Por que esse preço (R$ 10)?
Eu fiz uma pesquisa. A maioria das pessoas, o grande público que me acompanha e da classe C. Eu sei pelo Santuário. Para a classe C, um CD a R$ 20 é muito caro. No Santuário, tem pessoas que compram três, quatro, cinco. Todos já lançaram, porque sabiam que o fim do ano seria terrível. Agora, eu vou em todos os programas, sem negar nenhum, levando essa novidade.

A música é importante para divulgar a religiosidade?
É fundamental. No fim do quarto século, Santo Agostinho escreveu “quem ama canta”. O livro também é importante. Com 'Ágape', foram dez milhões de exemplares. Foi o livro mais vendido fora a Bíblia aqui no Brasil. A música é fundamental. Já estou terminando um livro. 'Philia' é contra 14 males, como depressão, ansiedade, autoestima baixa. Eu vou poder ajudar muito as pessoas. Vou lançar no ano que vem, em cidade por cidade, como Ágape, coisa que não fiz com Kairós. Olha a diferença: 'Ágape' vendeu 10 milhões de cópias. 'Kairós', dois milhões. Mas eu estava muito inchado, tomando anti-inflamatório. Depois fiquei viciado no remédio. Meu médico disse para parar com o remédio, que não tinha mais nada. Eu tinha medo de a dor voltar. Fiz a dieta, exagerei. Fiquei meio mal.

Você indica psicólogo para pessoas em depressão?
Sinceramente, sim e não. Para que serve o padre? É um médico de almas. A grande maioria das pessoas está carente. Elas não têm com quem falar. Você precisa ensinar as pessoas a se abrir com Deus. Meus amigos psicólogos concordam. O CD é antidepressivo. A primeira faixa é uma declaração, são momentos em que estava muito angustiado. Gravei esse CD jejuando. Por isso também emagreci bastante. Fiquei sem comer, a pão e água, só alface. Jesus fala que a oração é fundamental. Tanto que fiz o CD, o livro já está com a editora Globo.

Então é por isso que o senhor está mais magro?
Estou com o mesmo peso. Pega o filme 'Maria' e me compara. Estou igual. As pessoas estão estranhando o peso 80 e poucos, mas cheguei a 60 quilos. E ao pico máximo de 125. Estava quase obeso mórbido. Não quero músculo. Diariamente, faço 10 km por dia, entre corrida e caminhada. Com esse peso, me aliviou outro problema. Nunca reclamei, mas tenho problema na coluna, na lombar. Estava tomando mais remédio, só que isso destrói o fígado. Imagina com dor. Tenho discopatia degenerativa, como uma dor faquinha incomodando. Essa foi minha grande libertação. Esse peso que estou agora é o que eu quero. Tenho que manter a alimentação regrada. Tenho 1,95m. É difícil entrevistar alguém, porque você está preocupado com o que vai dizer e não ficar com a coluna corcunda. Uma das coisas que aprendi quando vou fazer esteira é olhar para a televisão. Para cair, é rapidinho (ele já se acidentou na esteira). Quando fico sem esteira, meu dia já é outro, porque você libera endorfina, que existe também no chocolate.

O senhor come chocolate?
Na verdade, não. Mas, se deixar, como uma caixa inteira. Vou confessar: na semana passada, me deu um ataque de fome e comi a caixa inteira. Como estou bem magro, tudo bem. É minha tentação, porque injeta para você a endorfina.

Então sua saúde está bem? E o senhor não está mais comendo só alface?
Está ótima. E dieta balanceada. Não posso nem ver hambúrguer ou alface.

Suas primeiras músicas eram marcadas por melodias dançantes. 'O tempo de Deus' tem outro ritmo, mais lento...
Esse CD está realmente buscando ajudar a quem passa por uma situação difícil. Todo mundo estava preocupado se o padre Marcelo está bem. Quis um CD mais profundo, intimista. Esse é o segredo do CD. E o povo está amando. Eles estão apaixonados. Vai ser uma bênção.

O senhor acha que vivemos um momento em que as pessoas se distanciam da Igreja, da religião?
Uma das minhas grandes preocupações é as pessoas se esqueceram de Deus. Sem Deus, ele cai em depressão, bebida, droga. Ela cai em alguma coisa errada. Mais do que nunca, falta Deus. Eu vou tentar falar muito na televisão sobre isso. O CD vai ajudar as pessoas a se encontrar com Deus. São inúmeras forças que querem o nosso mal, inveja... É importante sentir a proteção divina.

A renda dos seus discos é doada?
Eu tenho um santuário com capacidade para 100 mil pessoas. E sou pároco agora. As grandes celebrações, tudo bem, mas não vou usar aquele espaço enorme para fazer missa diária. Preciso fazer uma capela. E fiz o santuário sem pedir dinheiro para ninguém. Você nunca me viu pedir dinheiro. Eu trabalho e eu doou. Eu poderia ficar para mim. É meu, é lícito. 

O que o senhor acha do Tempo de Salomão?
É a cópia da bíblia. Mas não vivemos o Antigo Testamento, vivemos o novo. Depois de Jesus, quem é Salomão? O Salomão acaba sendo um templo de esplendor. Uma coisa magnífica, mas o importante é ter um lugar abençoado. A gente passa e ele fica. No santuário que construí, os padres podem ser enterrados lá. Quando morrer, vai ter alguém celebrando a missa por mim.

'Tempo de Deus' tem apenas composições suas. Como é seu processo de criação?
Nossa, foi muito legal. Foi uma experiência muito mística. Não fui eu, foi Deus. Eu trabalhei em um momento difícil. Cada música foi um momento difícil e uma resposta que Deus me deu. 'Sonhos de Deus' foi o momento em que eu estava começando a ficar com anorexia. Apesar de as pessoas falarem “você está magro”, você se enxerga gordo. A letra ajuda muito.

Como apoia os jovens que querem seguir o caminho da música religiosa?
Eu procuro ajudar sempre que posso. Divulgo na rádio que tenho. O CD não tem faixa etária. A depressão é o mal do século. Acomete até crianças. Eu acho que é muita informação e pouca formação. Eu passei por isso. 

O senhor se considera uma pessoa vaidosa?
Já fui muito. A cada dia, estou me libertando. Eu trabalhava com educação física. Querendo ou não, fui muito vaidoso, com culto ao corpo. Tanto que muita gente fala “volta a treinar, você fica forte”. Não quero estar magro de doente, como no ano passado, que estava sem energia. Estou com o peso que sempre tive, meu biótipo. Minha referência é 2012, no filme Maria.

Em quem vai votar nessas eleições?
A igreja católica nunca apoia ninguém. A igreja aprendeu que não se une política e religião. Eu sou contra padres que tentam eleição. Ele largou tudo para ser padre ou pastor. Não dá para misturar líder espiritual com político. Está errado. 

Uma das grandes discussões do debate eleitoral foi o preconceito contra a comunidade LGBT. O que o senhor achou do teor das afirmações?
Sinceramente, eu procuro ficar fora dessa discussão. Estou tão triste. Hoje tem o debate. Muito para mim vai ser desse debate, que vai ser importantíssimo. Como eu, pessoas estão esperando. Até agora, tem sido muito ataque, poucas propostas. O Brasil precisa de propostas. Estarei lá, assistindo, às 22h15. Se, até 23h, sentir que descamba pra o ataque, desligo a TV. 

E anula o voto?
Sou contra. Quero tentar o menos pior. Nunca deixei de votar. Só digo isso, nunca deixe de votar. Estou rezando para que eles tenham o equilíbrio de falar ideias. Não me interessa isso de jogar a culpa.

Homilia do Papa Francisco (19 out 2014)

2014-10-19 Rádio Vaticana
Acabámos de ouvir uma das frases mais célebres de todo o Evangelho: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mt 22, 21).
À provocação dos fariseus, que queriam, por assim dizer, fazer-Lhe o exame de religião e induzi-Lo em erro, Jesus responde com esta frase irónica e genial. É uma resposta útil que o Senhor dá a todos aqueles que sentem problemas de consciência, sobretudo quando estão em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua fama. E isto acontece em todos os tempos e desde sempre.A acentuação de Jesus recai certamente sobre a segunda parte da frase: «E [dai] a Deus o que é de Deus». Isto significa reconhecer e professar – diante de qualquer tipo de poder – que só Deus é o Senhor do homem, e não há outro. Esta é a novidade perene que é preciso redescobrir cada dia, vencendo o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus.
Ele não tem medo das novidades! Por isso nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados. Ele renova-nos, isto é, faz-nos «novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho é «a novidade de Deus» na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!«Dar a Deus o que é de Deus» significa abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz.
Aqui está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o mundo nos propõe. Aqui está a nossa esperança, porque a esperança em Deus não é uma fuga da realidade, não é um álibi: é restituir diligentemente a Deus aquilo que Lhe pertence. É por isso que o cristão fixa o olhar na realidade futura, a realidade de Deus, para viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder, com coragem, aos inúmeros desafios novos.Vimo-lo, nestes dias, durante o Sínodo Extraordinário dos Bispos: «sínodo» significa «caminhar juntos». E, na realidade, pastores e leigos de todo o mundo trouxeram aqui a Roma a voz das suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus. Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança.
Pelo dom deste Sínodo e pelo espírito construtivo concedido a todos, – com o apóstolo Paulo – «damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações» (1 Tes 1, 2). E o Espírito Santo, que nos concedeu, nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo Outubro de 2015. Semeámos e continuaremos a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer tudo o que semeámos (cf. 1 Cor 3, 6).Neste dia da beatificação do Papa Paulo VI, voltam-me à mente estas palavras com que ele instituiu o Sínodo dos Bispos: «Ao perscrutar atentamente os sinais dos tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e às novas características da sociedade» (Carta ap. Motu próprio Apostolica sollicitudo).
A respeito deste grande Papa, deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável, diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!No seu diário pessoal, depois do encerramento da Assembleia Conciliar, o grande timoneiro do Concílio deixou anotado: «Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades actuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva» (P. Macchi, Paolo VI nella sua parola, Brescia 2001, pp. 120-121). Nesta humildade, resplandece a grandeza do Beato Paulo VI, que soube, quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor.
Verdadeiramente Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo» (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, 1963, p. 26), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação» (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).

7 verdades da Igreja Católica que tentam esconder de você.



No Brasil a Igreja Católica possui vários pontos positivos, verdades que são ocultadas no dia a dia fazendo com que suas qualidades não apareçam para a população em geral

Em um país como o Brasil, onde a estrutura da Igreja Católica forma uma das maiores bases sociais para a população, é preciso que todos nós saibamos qual o tamanho dessa Igreja para que possamos ajudá-la em sua missão e propagação do Evangelho. Formada por homens e mulheres; jovens e idosos; religiosos e religiosas; leigos e leigas, a Igreja Católica é a maior instituição benfeitora e promotora de caridade do Brasil, alimentando quem tem fome e tratando quem procura por seus hospitais. Ninguém distribui mais alimentos do que sua gente,  o povo de Deus!

Portanto, há sete pontos em que a Igreja Católica Apostólica Romana é insuperável no Brasil:


    #Verdade 1: Maior instituição de caridade do planeta;
    #Verdade 2: A instituição que mais distribui alimentos;
    #Verdade 3:  Maios mantenedora de bolsas para a educação;
    #Verdade 4: Melhor programa de combate a mortalidade infantil;
    #Verdade 5:  Mais de 300 mil projetos sociais;
    #Verdade 6: Quem mais presta assistência aos idosos;
    #Verdade 7: Única instituição presente em todos os municípios do Brasil.

#ProntoFalei!

Essa Igreja, educa mais alunos que qualquer outra instituição de ensino desse país, como as crianças em suas creches e os idosos em seus lares de convivência. Ninguém distribui mais bolsas para a educação do que seus colégios e faculdades com mais de 2 milhões de alunos. Por isso, está presentes em todos os municípios do Brasil levando amor, unidade e esperança para todas as pessoas de fé, de todas as raças, guiados pela Boa Nova da verdade e da paz, sempre na defesa do bem e da dignidade da pessoa humana e firmes no propósito de evangelizar, como nos ordenou Jesus.
Não bastando, ela acolhe milhões de pessoas em suas casas, trazidas pela fé que anima essa Igreja. Seus carismas são inspirados pelo Espírito Santo e estão presentes em mais de duzentas mil comunidades pregando o Evangelho, sob a intercessão e proteção de Maria, nossa Mãe e Mãe de todos os povos. Todos!
São mais de 130 milhões unidos em uma só família: a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. Este é o sinal que nos faz criar laços de comunhão fraterna, favorecendo uma Igreja presente e atuante em nossos tempos. E todos devem conhecer e colaborar com isso. É um compromisso de solidariedade e fraternidade com os nossos irmão e irmãs em Cristo!
Por isso, como batizados, somos convidados a favorecer cada vez mais o bem comum e colaborar com essa Igreja que precisa da sua ajuda, sempre. Lembre-se que há mais de 500 anos essa Igreja evangeliza o Brasil, guiada pela sua profissão de fé em Cristo Jesus. Suas missões estão nos quatro cantos do país e do mundo. Enquanto todos já se esqueceram do Haiti, seus missionários e suas missionárias permanecem por lá ajudando quem necessita, sob o Evangelho de Jesus Cristo. Foi pensando nisso que criamos o Partilhe, uma plataforma de financiamento coletivo para apoiar projetos ligados exclusivamente à Igreja Católica. Veja mais em www.partilhe.org.

O que significa ser católico?












por 


Um jovem me fez esta pergunta. Disse que há algum tempo está em crise de fé e tem buscado a solução em igrejas evangélicas. Em uma delas, ao confessar-se católico, ouviu dizer que a palavra “católico” nem sequer está na Bíblia. Ficou com esta dúvida intrigante. Queria uma resposta, pois já estava começando a pensar que seus amigos tinham razão e que seria melhor mesmo mudar de igreja.
Pedi que ele abrisse a sua Bíblia no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 18b-20. Utilizarei aqui a tradução mais popular nas bíblias evangélicas (Almeida, corrigida e fiel):
“É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convoscotodos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”
Você percebeu que fiz questão de colocar em negrito uma palavrinha que aparece de modo insistente no texto: TODO. Jesus tem todo o poder; devemos anuncia-lo a todos os povos, guardar todo o seu ensinamento na certeza de que estará todos os dias conosco. Esta ordem de Jesus foi levada muito a sério pelos discípulos. Em grego a expressão “de acordo com o todo”, pode ser traduzida por “Kat-holon”. Daí vem a palavra “católico” (em grego seria: Καθολικός). Ao longo do primeiro e segundo séculos os seguidores de Jesus Cristo começaram a ser reconhecidos como “cristãos” e “católicos”. As duas palavras eram utilizadas indistintamente. Ser católico já significava “ser plenamente cristão”. O catolicismo, portanto, é o cristianismo na sua “totalidade”. É a forma mais completa de obedecer o mandato do Mestre antes de sua volta para o Pai. O mesmo mandado pode ser lido no Evangelho de Marcos 16,15: “Ide e pregai o evangelho a toda criatura”. Há, portanto, uma catolicidade vertical, que é ter o Cristo todo, ou seja ser discípulo; e uma catolicidade horizontal, que é levar o Cristo a todos, ou seja, ser missionário. Isso é ser católico: totalmente discípulo, totalmente missionário, totalmente cristão!
Ao que tudo indica o termo “católico” se tornou mais popular a partir de Santo Inácio de Antioquia (discípulo de São João), pelo ano 110 dC. Pode significa tanto a “universalidade” da Igreja como a sua “autenticidade”. Quase na mesma época São Policarpo utilizava o termo “católico” também nestes dois sentidos. Santo Agostinho utilizou o termo “católico” mais de 240 vezes em seus escritos, entre 388-420. São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, dizia: “A Igreja é católica porque está espalhada por todo o mundo; ensina em plenitude toda a doutrina que a humanidade deve conhecer; conduz toda a humanidade à obediência religiosa; é a cura universal para o pecado e possui todas as virtudes” (Catechesis 18:23). Veja que já está bem claro os dois sentidos de “Católico” como “universal e ortodoxo”. Durante mil anos os dois significados estiveram unidos. Mas por volta do ano 1000 aconteceu um grande cisma que dividiu a igreja em “ocidental e oriental”. A Igreja do ocidente continuou a ser denominada “Católica” e a Igreja do oriente adotou o adjetivo de “Ortodoxa”. Na raiz as duas palavras remetem ao significado original de Igreja “autêntica”.
Santo Tomás de Aquino (1225-1274), grande teólogo ocidental, desenvolveu uma teologia da catolicidade. A Igreja seria “universal” em três sentidos: a) Está em todos os lugares (cf. Rm 1,8) e pode ser militante na Terra, padecente no purgatório e triunfante no céu; b) Inclui pessoas dos três estados de vida (Gal 3,28): leigos, religiosos e ministros ordenados; c) Não tem limite de tempo desde Abel até a consumação dos tempos.
A Igreja católica reconhece que cristãos de outras igrejas pode ter o batismo válido e possuir sementes da verdade em sua fé. Porém, sabe que apenas a Igreja católica conserva e ensina sem corrupção TODA a doutrina apostólica e possui TODOS os meios de salvação.
Devemos viver e promover a sensibilidade ecumênica promovendo a fraternidade com os irmãos que pensam ou vivem a fé cristã de um modo diferente. Mas isso não significa abrir mão de nossa catolicidade. Quando celebramos a Eucaristia seguimos à risca o mandato do Mestre que disse: “Fazei isso em memória de mim!” A falta da Eucaristia deixa uma grande lacuna em algumas Igrejas. Um pastor evangélico, certa vez, me disse que gostaria de rezar a ave-maria, mas por ser evangélico não conseguia. Perguntei por quê? Ele disse que se sentia incomodado toda vez que lia o Magnificat em que Maria proclama: “Todas as gerações me chamarão de bendita” (Lc 1,48)… e se questionava o por quê sua geração tão evangélica não faz parte desta geração que proclama bem-aventurada a Mãe do Salvador!
Realmente, ser católico é ser totalmente cristão!

Invista no seu Futuro!



Tenho andado me perguntando... há quantas anda a minha fé? Se Jesus voltar hoje, estarei preparado? Ou serei um daqueles a quem Ele responderá "não vos conheço"?

O mundo nos chama, a cada dia, a viver por ele e para ele... e não digo isso somente nas questões envolvendo o "pecado", mas nas questões cotidianas mesmo, como o nosso trabalho, nosso estudo, nosso "ser profissional".

Não estou querendo dizer que precisemos parar de trabalhar ou de estudar, longe de mim dizer algo assim... mas ando me cobrando no sentido de... será que tenho sido tão bom cristão quanto tento ser bom funcionário?

Será que me dedico a estudar a Palavra de Deus tanto quanto tenho me dedicado à minha especialização?

Será que meus planos futuros - crescimento e desenvolvimento profissional, mudança de área na empresa, construção da casa, filhos, etc, etc, etc... têm envolvido Deus e a vontade Dele?

É muito importante, diria fundamental ser um bom funcionário, investir em minha profissão, em meu estudo, em meu futuro... mas...
como cristãos, o futuro que importa é o da Eternidade... e, a medida que eu invisto no meu futuro "de curto prazo", não posso deixar de lado o meu futuro "de longo prazo", que aliás, nunca saberei se será realmente de longo prazo, pois o Amanhã a Deus pertence!!!
Vamos juntos investir em nosso futuro?!!

Discernimento eleitoral

Vale ressaltar que mediocridades são um veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo
A cidadania brasileira está desafiada, mais uma vez, a viver o necessário discernimento eleitoral, para fazer escolhas qualificadas no próximo domingo. Esse exercício é de fundamental importância, pois serão definidos nomes a ocuparem os cargos eletivos, todos estratégicos para a condução do país. Não é fácil esse processo de discernimento. A primeira e importante consideração, necessariamente, é sobre o perfil e a vida de cada candidato. É difícil encontrar um nome que reúna todos os itens apontados como indispensáveis para governar e representar bem o poder que pertence ao povo; e que a ele deve ser devolvido na forma de serviços. Os eleitos precisam ser pessoas capazes de reconhecer e atender aos anseios da população, particularmente dos mais pobres. Diante dos critérios a serem observados, constata-se que processo de qualificada escolha de candidatos é laborioso, mas isso não pode produzir desânimo.
Discernimento eleitoral -  940x500
Nas eleições, o povo tem a chance de compor um time que, embora possa não alcançar o patamar da seleção sonhada, seja capaz de produzir avanços na superação urgente de graves problemas, como as desigualdades sociais. Para isso, é preciso contrabalançar elementos – trajetória, consistências pessoais, força de liderança, lastro de representatividade. Essas qualidades, e muitas outras, precisam ser observadas e identificadas nas pessoas que se submetem ao sufrágio das urnas. Eleger políticos com perfil marcado pela articulação dessas características é contribuir para a composição de um quadro, nos governos e parlamentos, com mais lucidez no trato, defesa e promoção de tudo que é público.
Vale ressaltar que mediocridades são um veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo. Elas corroem instâncias de grande importância política e social, transformando-as em palcos de interesses partidários e de grupos. A partir da presença de pessoas desqualificadas, governos e parlamentos tornam-se marcados por uma visão míope das urgências da sociedade, agravada pela incapacidade de analisar, escolher e agir com rapidez. Não se pode permitir que um mandato de quatro anos torne-se tempo para o eleito “ciscar de cá prá lá e de lá prá cá”, obrigando o gigante que é esta nação a permanecer adormecido. Bom seria contar com uma série de nomes cuja dificuldade de escolha residisse na excelência dos muitos perfis, todos sem senões, com os elementos adequados da vida pessoal, social e política. Infelizmente não é assim.
Não se crê que o ambiente político partidário vigente consiga produzir essas excelências cidadãs. Ao contrário, talvez muitas vezes seduza em direção inadequada aqueles que poderiam construir uma trajetória brilhante no mundo da política. Mas a sabedoria popular ensina que “não adianta chorar o leite derramado”. Providências significativas e transformadoras são sonhadas e buscadas, entre elas a urgência da reforma política, que deve contracenar com um processo educativo e de configuração social capaz de revitalizar a cidadania brasileira. Agora, na lista dos nomes a serem escolhidos, com uma isenção que localiza o discernimento no território da lucidez, é preciso escolher quem pode representar melhor o povo, sem se sucumbir ao “peso pesado”, e até perverso, do mundo da política.
Há quem preferiria que se apontassem os nomes, à moda do chamado “voto de cabresto”, algo totalmente obsoleto e prejudicial que não pode mais ser o vetor das eleições. Seu contraponto é o qualificado processo de discernimento. Ainda é tempo para vivê-lo, confrontando perfis, nomes, histórias e, não menos importante, o fôlego de candidatos para dar conta de sua missão. A meta dos eleitos não pode se resumir ao sucesso nas urnas. Definidos como representantes da população nos governos e parlamentos, eles precisam permanentemente buscar o diálogo, a proximidade com o povo, disposição para trabalhar com transparência e almejar sempre as conquistas sociais.
Não é possível, a modo de cartilha, listar todos os critérios que sirvam de parâmetro para a definição dos perfis ideais de candidatos. Neste período de preparação que precede a ida às urnas, é cidadania bem vivida guiar-se também por um razoável tempo de silêncio e confrontos pessoais para chegar ao nome. Discernimento eleitoral não é simples emoção, simpatia ou antipatia, cor partidária, mero conhecimento ou amizade pessoal. O atual momento exige muito mais esforço de cada pessoa. Todos precisam partilhar a certeza de que a situação social, o desenvolvimento integral e o tratamento lúcido da sociedade civil estão no que é poder de cada cidadão: o seu discernimento eleitoral.

Depoimento de uma Católica fiel...


"As pessoas vão embora da Igreja e são inúmeras as desculpas, na maioria das vezes, por interesses pessoais e materiais, até porque, nunca vi, desde a minha infância padres pregarem que eu seria rico ou teria de tudo nessa vida. Sempre ouvi dizer, que era preciso amar a CRUZ com Cristo e a felicidade, por Ele nos seria dada.
Sempre acreditei nisso e é verdade, quanto sofrimento tive que enfrentar, Deus não me deu uma vida fácil e eis que estou aqui.
Estou na Igreja por que?
Respondo: Os mártires não desistiram, Padre Pio ficou, Madre Tereza ficou, Lúcia, Jacinta e Francisco ficaram, tanta gente que sofreu até mais que eu ficaram, e muitas delas, foram bem pobres, e ficaram.
Ir embora é um jeito de satisfazer os sentimentos. Eu fico, não vou! A Igreja Católica tem seus erros, eu sei, mas só ela tem Jesus na Eucaristia e Maria!
Os erros não significam nada diante desses tesouros! Reconheço o valor de muitas outras denominações, SÉRIAS. Porque tem muito "circo" por ai! Respeito quem não crê como acredito!
É difícil ser católico, porque às vezes a Igreja só tem respostas silenciosas às minhas dificuldades, tem gente que só se diverte com espetáculos miraculosos. Igreja prega o EVANGELHO, igrejinhas fazem espetáculos.
 Obs. esse texto é para os que ficaram e não para os que foram embora, não é pra trazer de volta a ninguém, só pra dizer porque eu não fui embora. Eu não encontrei Jesus, foi Ele que me encontrou aqui" —


Santa Terezinha do menino Jesus


O que tanto atrai em Santa Teresinha, cuja devoção se tornou universal em pouco tempo?  Falecida aos 24 anos, ela continua a nos sorrir e a nos convidar  a seguir uma nova via de santificação, a "pequena via", acessível a todos.


Na tarde de 30 de setembro de 1897, uma cena inesquecível desdobrava-se na enfermaria do Carmelo de Lisieux. Cercada de toda a comunidade ajoelhada em torno de seu leito de dores, Santa Teresinha do Menino Jesus, fitando os olhos no crucifixo, pronunciava suas últimas palavras nesta terra de exílio:


- Oh! eu O amo... Meu Deus... eu... Vos amo!

Subitamente, seus amortecidos olhos de agonizante recuperam vida e fixam-se num ponto abaixo da imagem de Nossa Senhora. Seu rosto retoma a aparência juvenil de quando ela gozava de plena saúde. Parecendo estar em êxtase, ela fecha os olhos e expira. Um misterioso sorriso aflora-lhe aos lábios e aumenta a formosura de sua fisionomia.

"Eu não morro, eu entro na Vida", havia ela escrito poucos meses antes.

Sua luz brilha no mundo inteiro
Talis vita finis ita. - "Cada um morre como viveu."
Sua morte, aos 24 anos, foi um reflexo de sua breve existência - uma vida de virtude heróica, de amor a Deus e ao próximo levado a limites extremos, e de sofrimentos suportados com uma radiante alegria e uma santa despretensão. 

         Quis ela passar inteiramente despercebida neste mundo. E este seu desejo de vida oculta teria sido realizado, se Deus não tivesse outros desígnios a esse respeito.
Por ordem das superioras, a humilde carmelita escreveu seus famosos Manuscritos Autobiográficos - "História de uma alma" - que tanto bem fizeram, fazem e farão ao longo dos séculos, além de várias cartas, poesias e outros documentos registrados pela História. E algumas irmãs de hábito que bem compreenderam sua extraordinária virtude, tomaram nota das conversas tidas com ela nos seus últimos meses de vida.
Graças a isso, a chama acesa por Jesus na alma dessa Santa ilumina hoje o mundo inteiro. E nós podemos, nas linhas abaixo, apreciar alguns "flashes" fulgurantes dessa luz.
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Em abril de 1897, quando a doença mortal entrava em sua última fase, sua irmã Paulina (em religião, Madre Inês de Jesus) fez a primeira anotação em seu caderno:
"Quando somos incompreendidas e julgadas desfavoravelmente, de que nos serve defender-nos ou explicar-nos? É muito melhor não dizer nada e deixar que os outros nos julguem como lhes agrada. Não vemos no Evangelho Maria explicando-se quando sua irmã a acusou de ficar aos pés de Jesus sem fazer nada! Não, ela preferiu permanecer em silêncio. Ó abençoado silêncio que dá tanta paz às almas!"
Trechos como este, de conversas íntimas com a Santa, quase nos fazem esquecer que ela está passando por sofrimentos físicos atrozes, incompreensões e, muito mais duro de suportar, uma terrível provação espiritual, "a noite da Fé".
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Descrevendo essa provação nos Manuscritos Autobiográficos, ela afirma:
"Jesus permitiu que uma escuridão negra como boca de lobo varresse minha alma e deixasse o pensamento do Céu, tão doce para mim desde a minha infância, destruir minha paz e torturar-me..." E em conversa com suas irmãs acrescenta: "Minha alma está exilada, o Céu está fechado para mim e do lado da terra tudo é  provação também".
Olhando pela janela da enfermaria, viu um "buraco negro" no jardim e confidenciou à Madre Superiora: "É num buraco como esse que eu me encontro, de corpo e alma. Oh! sim, que trevas! Mas estou em paz dentro delas".
No dia da partida para a eternidade, pôde ela declarar com singela despretensão: "Oh, eu rezei fervorosamente a Ele, mas estou realmente em agonia sem nenhuma mistura de consolação".
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Apesar de todos os sofrimentos físicos e espirituais, ela iluminava com seu sorriso e aquecia com sua caridade as demais religiosas do convento. Naquela enfermaria não se respirava atmosfera de tristeza. Santa Teresinha não o permitia! Escreve sua irmã Maria: "Quanto à força moral, é sempre a mesma coisa, a alegria em pessoa, fazendo rir todos quantos dela se aproximam. Creio que ela morrerá rindo, de tal forma ela é alegre!"